Sunday, March 11, 2012

III Prêmio - Diário Contemporâneo de Fotografia

Coletivo Garapa
Lucas Gouvea
Ilana Lichtenstein



III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia divulga premiados e selecionados

No dia 1º de março, foram anunciados os selecionados e premiados para o III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que traz o tema Memórias da Imagem. Após um mês de inscrições, no qual foram recebidos dossiês e portfólios de artistas de todas as regiões do Brasil, foram selecionados os 23 participantes da mostra de 2012.
O curador Mariano Klautau Filho destaca o interesse nacional pelo Prêmio: “Há um crescimento da procura por parte de novos artistas e também de artistas que vêm ganhando visibilidade nacional e no exterior, que têm buscado o Prêmio para mostrar seus trabalhos. Isso confere credibilidade e frescor ao projeto.”
Outro dado que demonstra o espaço que o Prêmio vem ganhando em âmbito nacional é que, além dos artistas premiados, alguns artistas selecionados de outros estados, como Marian Starosta e Patricia Gouvêa (RJ), têm confirmado presença para a abertura da Mostra III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que acontecerá de 28 de março a 27 de maio no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém.
Quanto à qualidade dos trabalhos recebidos, de acordo com Mariano, o nível das obras enviadas este ano foi muito bom. “A comissão fechou inicialmente uma pré-seleção que ultrapassava os 40 trabalhos. A seleção final privilegiou, além da qualidade, a forma como o tema foi abordado pelos artistas. O trabalho da seleção foi ver como os artistas conversam entre si numa abordagem mais ampla sobre o tema e também eliminar o conservadorismo quanto à relação entre imagem e memória – o que era proposto pelo tema deste ano”.
A comissão julgadora foi composta por Miguel Chikaoka, fotógrafo, arte-educador e artista convidado do projeto este ano; Jorge Eiró, artista plástico e professor de artes, mestre em Educação; e Heloisa Espada, doutora em História, Teoria e Crítica da Arte, pesquisadora da USP e coordenadora da área de artes visuais do Instituto Moreira Salles.
Os vencedores dos três prêmios de R$10.000,00, cada, foram o Coletivo Garapa (SP), com o Prêmio Memórias da Imagem, Ilana Lichtenstein (SP), com o Prêmio Diário Contemporâneo, e Lucas Gouvêa (PA), Prêmio Diário do Pará.
O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia conta com o patrocínio da Vale e do Governo do Estado do Pará e apoio do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA, do Museu da UFPA, da Sol Informática e do Instituto de Artes do Pará.
Mais informações sobre o projeto, no site: www.diariocontemporaneo.com.br.

Premiados
Coletivo Garapa (SP) – Prêmio Memórias da Imagem
Ilana Lichtenstein (SP) – Prêmio Diário Contemporâneo
Lucas Gouvêa (PA) – Prêmio Diário do Pará

Selecionados
Alberto Bitar (PA)
Ana Emília Jung (Milla Jung) (PR)
Coletivo Cêsbixo (PA)
Érico Toscano Cavallete (SP)
Fábio Messias Martins de Souza (SP)
Fabio Okamoto (SP)
Fernando Bohrer Schmitt (SP)
Gabriela Lissa Sakajiri (SP)
Gordana Manic (SP)
Isabel Maria Sobreira de Santana Terron (SP)
Lívia Afonso de Aquino (SP)
Marian Wolff Starosta (RJ)
Patrícia Gouvêa e Isabel Löfgren (RJ)
Pedro Augusto Machado Hurpia (SP)
Renato Chalu Pacheco Huhn (PA)
Roberta Dabdab (SP)
Romy Pocztaruk (RS)
Tuca Vieira (SP)
Vanja von Sek (PA)
Wagner Yoshihiko Okasaki (PA)








Premiados

Coletivo Garapa (SP) - Prêmio Memórias da Imagem
Formado por Paulo Fehlauer, Leo Caobelli e Rodrigo Marcondes

Garapa é um espaço de criação coletiva que tem como objetivo pensar e produzir narrativas audiovisuais, integrando diversos formatos e linguagens. Trabalha em parceria com clientes comerciais além de desenvolver um trabalho de pesquisa autoral, sempre explorando as potencialidades de cada projeto, tanto na construção da narrativa quanto nos modelos de distribuição. Desenvolve projetos para ambientes distintos: da fotografia estática à interação multiplataforma, do vídeo à instalação site specific. Produz e dirige filmes documentários e publicitários; desenvolve plataformas multimídia, ensaios fotográficos e exposições.

Sobre o projeto Morar:
Morar é um projeto que cria um arco de memória entre a existência e a desaparição dos edifícios São Vito e Mercúrio, emblemáticas construções demolidas recentemente na cidade de São Paulo. Trata-se de um ensaio visual sobre os prédios, que usamos como objeto de pesquisa desde meados de 2008. O ensaio que apresentamos aqui é, então, a continuação de uma primeira experiência, que foi o registro do período de desocupação dos edifícios por parte da administração da cidade de São Paulo, e o testemunho da situação na qual os moradores do Mercúrio foram lançados naquela ocasião. Nesse segundo momento, em que os dois gigantes que estavam esvaziados há cerca de 3 anos foram finalmente colocados abaixo, reconstituímos e reestruturamos fragmentos de memórias relacionados à nossa experiência naquele espaço. Tais memórias ora se encaixam em harmonia, ora se chocam produzindo uma infinitude de interpretações. O políptico que apresentamos aqui, busca sintetizar um universo bem maior de imagens. Acreditamos que o desaparecimento do prédio seja a memória viva da cidade que se transforma e passa por cima de histórias privadas em nome da transformação e do progresso. Na década de 1960, a expectativa de vida de um paulistano era, ao nascer, de aproximadamente 65 anos. Nem o São Vito, nem o Mercúrio corresponderam a essa estatística. Na ansiedade do progresso, a metrópole busca se reconstruir o tempo todo, transformando a cidade em um imenso palimpsesto, “memória viva de um passado já morto”. Apagados os edifícios, a paisagem, testemunha das tensões humanas, se ressignifica. O tempo da metrópole é implacável; resta a memória.

Ilana Lichtenstein (SP) - Prêmio Diário Contemporâneo

Nasceu (1986) e vive em São Paulo. Estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP e na Universidade Paris-Sorbonne, onde desenvolveu uma investigação sobre imagem e memória, sob a orientação de Michel Puech. Participa da primeira turma do programa de pós-graduação em fotografia da Fundação Armando Álvares Penteado, coordenado por Rubens Fernandes Jr. e Georgia Quintas. Expôs trabalhos em "12 exemplares", projeto de Julia de Carvalho Hansen; "Presenças", com curadoria de Mario Gioia; "Vicissitudes", de Claudio Matsuno; "Fábulas e Encontros" de Georgia Quintas. Suas fotografias feitas no Japão foram selecionadas na 43a. Anual de Artes Faap. Na última edição do festival Paraty em Foco, suas imagens foram escolhidas para a exibição Perspectiva_Olhavê e para leitura de portfólio. A série "Uma e outra erupção" formou a exposição Casualmente Fotografía, sua e do artista Levan Tsulukidze, na Paradigmas Arte Contemporáneo, en Barcelona - galeria que representa seu trabalho na Espanha, ao lado da Galeria Virgilio no Brasil.

Sobre “Uma e outra erupção”:
A proposta de “Uma e outra erupção” é convidar a uma aproximação lenta, silenciosa, que tenha a chance de abrir no espectador um espaço para visitar suas ‘paisagens interiores’ - termo presente na obra de Caio Fernando Abreu. Quer dizer; o sentido das imagens não pretende traduzir os lugares ou pessoas ali retratados, reproduzir alguma memória gerada por mim no momento da captura. Mas sim, através da sugestão de um tempo suspenso, de paisagens e pessoas que não se definem bem e parecem vindas da ficção ou sonho, poder puxar em quem vê outras memórias da mesma densidade de semelhança, que sejam suas, próprias. No texto “A memória como coexistência virtual”, Henri Bergson reitera sua tese de que - em tradução livre - “jamais o passado se constituiria se ele não se constituisse primeiro, ao mesmo tempo que ele é presente. (...), se ele não coexistisse com o presente do qual ele é o passado”. Acredito que a fotografia tem um papel na lucidez disto. Quando realizei essas fotografias, tinha em mente as pessoas que não conhecia e iam vê-las: de uma maneira, gerei esse passado coletivo simultaneamente a estar vivendo o tal presente que tanto se diz abrigado no fotograma. Dispostas em variação de dípticos, trípticos e sozinhas, e diferentes alturas na parede, as imagens são pequenas, já que a ideia é fazer um percurso que envolva certa busca íntima; singular. Uma percepção do espaço e a escolha pelo acesso a cada uma, à visão. Não para voltar em algum lugar, já que nada é duas vezes. Mas para vivificar outra vez os brilhos que nos vem à tona sem grande explosão; nas pequenas erupções.

Lucas Gouvêa (PA) - Prêmio Diário do Pará

Lucas Gouvêa é formado em design pelo CEFET/PA e estuda Artes Visuais na Universidade Federal do Pará. Já teve alguns trabalhos expostos em galerias da cidade de Belém (CCBEU, SESC, Salão da Vida), porém é fora de todas essas instituições que constrói o trabalho artístico de qual se orgulha em ser autor. Junto com os outros integrantes do qUALQUER qUOLETIVO vem desde 2010 executando trabalhos de performance e intervenção em espaços públicos de Belém de forma rizomática, horizontal e descentralizada e também engendrando-se dentro dessas instituições (universidade, galerias) com intuito de desestigmatizá-las enquanto espaço religioso da arte e de pura contemplação, transformando-as em um espaço livre, onde qualquer um pode fazer arte.


Sobre Spinario:
O escuro e a luz. A emoção e a razão. A dor e a felicidade. A fotografia e o vídeo. Da sola dos pés aos mil olhos de Osíris. Spinario é um vídeo-fotografia referencial que se apropria de uma escultura helenística do século I A.C. Onde um menino remove espinhos do seu pé, para a construção de um processo audiovisual de depuração da imagem da luz.
Adaptando uma câmera Canon T2I para um formato de pinhole digital, o personagem do vídeo tira um por um dos espinhos de seus pés e fura a película de metal que separa o captador fotográfico da câmera da imagem captada, criando assim os mil olhos do deus egípcio Osíris que ofusca o olhar de quem o vê com os seus raios solares.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home